– Está bem a Solange?
– Que Solange? – perguntou, intrigado, José do Carmo.
– A Solange – respondeu Carmem, enquanto Carmelita conservou-se, em silêncio, fitando José do Carmo, na expectativa, um sorriso escarninho a se lhe esboçar no rosto.
Carmo, surpreso com resposta tão enigmática, sorriu, olhou de Carmem para Carmelita, e de Carmelita para Carmem, e para esta perguntou, sorrindo:
– Que Solange, Carmem? Conheço quatro Solange: A prima do Renato, gerente do banco A*; a mãe da Márcia, que trabalha comigo; a irmã da Susana, cabeleireira, que tem um salão de beleza (freqüentado só por mulheres feias) perto da minha casa; e a diretora da escola B*.
– Você enlouqueceu, Zé? – perguntou Carmem.
– Que eu saiba, não – respondeu José do Carmo, gracejando. – Além disso, se eu tivesse enlouquecido, eu não saberia que enlouqueci.
– Você enlouqueceu, Zé, não me resta dúvidas – disse Carmem. – Refiro-me à Solange, a sua esposa.
– A minha esposa! – exclamou José do Carmo, surpreso com a revelação. – A minha esposa chama-se Solange?
Entreolharam-se José do Carmo, Carmem e Carmelita, todos surpresos, cada um por uma razão.
– Ela é loira – perguntou José do Carmo, referindo-se à sua esposa -, e de um metro e oitenta de altura?
– Não – respondeu Carmem, de imediato. – Ela é morena e da altura de um metro e sessenta.
– Meu Deus! – exclamou José do Carmo, ao mesmo tempo em que se aplicou um tapa na própria testa. – Então… Então… Diabos! Então eu fiz uma grande besteira.